Deixados – Série [Parte 4]
“Tarde, um barulho de sirene ecoa no ar bem distante, o barulho parece ficar mais distante a cada momento.
Olhos abertos!
A cena é de destruição, um amontoado de carros amassados no meio da rua, lojas destruídas, um velho hidrante esta a jorrar água após um ônibus colidir com ele. Eram visíveis algumas pessoas feridas dentro dos carros, velhos, adultos e jovens, alias muitos jovens ali estavam, o que era muito comum já que a poucos metros havia uma faculdade.
Universidade Presbiteriana Mackenzie, era o nome da faculdade de ali de perto, este era o local aonde Isabel estudava, um prédio rústico com traços que arremetia a arquitetura mais antiga, o tom da cor de suas paredes é de um laranja quase salmão, bem claro, mas ao mesmo tempo era uma cor viva. As janelas do prédio eram grandes, o que dava certo charme que vazia lembrar por um momento os prédios das universidades Americanas.
Isabel estava no primeiro ano do curso de Engenharia Civil, adorava muito esta área, já que seu avô Armando Augusto Mendes era um Engenheiro Civil muito conhecido por ter participado na construção da cidade de Brasília.
- Ai minha cabeça – Disse Isabel, ela ficou desacordada e só acordará no outro dia, era um milagre ela ter acordado agora.
- O que esta acontecendo? – Foi à primeira coisa que venho à mente dela.
Logo se lembrará que fora pisoteada, lembrava que estava falando com Gabriel ao telefone e após um clarão varias pessoas se assustaram e correram, mas Isabel não percebeu de imediato a ação e acabou sendo empurrada e logo mais pisoteada, teve sorte, muitas outras pessoas que ali estavam se encontravam mais feridas que ela. Podiam se ver alguns hematomas em seu corpo, principalmente em sua cabeça, quando caiu Isabel acabou batendo a cabeça em um degrau que ali estava, na mesma hora levou as mãos à cabeça em um movimento de defesa, mas logo apagou.
Isabel se levanta com muitas dores em suas costas se senta e apóia-se em um muro baixo de um estabelecimento. Sentada ela começa olhar a cena que ali ocorria, algumas pessoas gemiam ainda esperando algum resgate, outras estavam inconsciente pelo fato dos acidentes. Isabel vira para sua direita e percebe que sua amiga Márcia estava desacordada também, Márcia era uma menina morena tinha a mesma idade de Isabel, ela era uma menina de estatura mediana com cabelos lisos de um tom de castanho escuro. Márcia sempre acompanhava Isabel até a escola, pois alem de serem amigas eram companheiras de curso, as duas sempre se encontravam no metrô, mais especificamente na Linha Verde – Sentido Vila Madalena, como a universidade se localizava na Consolação elas iam conversando no metro e logo após pegavam mais um ônibus, elas pegavam o 177H-10 que ia sentido ao Metrô Santana até chegar à universidade.
- Márcia, acorde. – Isabel tentou reanima – lá
Aos poucos Márcia foi recobrando a consciência, depois de alguns minutos acordou.
- A onde eu estou? – Perguntou Márcia.
- Você não se lembra? Estávamos indo para universidade.
- Ah, lembrei! E o que aconteceu Isabel?
- Bem não sei ao certo, me lembro de ter sido empurrada e após isso senti uma dor na cabeça, depois apaguei.
- Meu Deus o que esta acontecendo? – Márcia viu o cenário de destruição que estava em volta.
Isabel imediatamente se lembra de Gabriel, ela pega seu celular e disca para ele. Ela não sabia o que podia ter acontecido a Gabriel, só sabia que ele estava no trem, estava com medo, e agora tudo o que ela queria é falar com ele. O celular começa a chamar.
Uma sensação de medo toma Isabel, e da mesma forma uma espécie de esperança toma seu coração, ela começa a orar, pedindo que Deus cuida-se dele, mas mal sabia ela qual era a situação de Gabriel.
Barulho de motor, gritos, ao fundo podia se ouvir o radio da policia passando uma mensagem de pedidos de reforços. Gabriel estava ali, no banco de trás da viatura, ainda desacordado.
- Buzz, Buzz. – O celular de Gabriel começou a vibrar, era Isabel.
Desacordado Gabriel nada faz, alias nem poderia, pois estava algemado com suas mãos nas costas e seu celular estava no bolso da jaqueta.
- Buzz, Buzz – O celular tocou mais uma vez.
Dessa vez o tenente que estava ao volante percebe o barulho.
- Mas que merda é essa? – Perguntou o primeiro – tenente para o aspirante
- Você ta de sacanagem comigo né? Desliga esse celular agora! – Ordenou o primeiro – tenente.
O aspirante meio sem entender responde ao seu superior.
- Mas senhor, eu não estou com celular, quando estou de plantão o deixo em casa senhor.
O tenente tem um certo receio agora, o único que poderia ser era Gabriel, já que ele também não utilizava celular, mas deixa essa idéia de lado. Gabriel acorda, fingi estar dormindo ainda, e escuta a conversa dos dois policiais.
- Senhor o que vamos fazer com ele? – Disse o aspirante
- Você não ouviu o capitão moleque? É pra coloca na conta do papa! – O primeiro – tenente deu um sorriso malandro novamente.
Gabriel sabia o que aquela expressão significava, ele seria morto, ou melhor, assassinado, mas se fosse morto sabia ele nunca encontraria sua irmã. Por sorte Gabriel não era flor que se cheire, era um rapaz que tinha uns truques nas mangas, um certo verão quando foi passar as férias com seu tio Fabio ele aprenderá a como abrir algemas, portas e diversas coisas, uma coisa muito útil agora, nunca fora tão grato ao seu tio Fabio, e com certeza iria mandar-lhe um presente depois, esse era o primeiro passo para sair dali.
O truque para abrir as algemas era bem simples, havia um buraco em baixo da trava e tudo o que ele precisava fazer era pressionar esse buraco para que as algemas destravassem. Gabriel sempre andava com um clipe no bolso de trás, nunca saberia quando iria utiliza aquilo, bem esta era a hora, sem que os policiais o percebessem pega o clipe e vai deformando ele para que fique em uma forma reta. Pronto já tinha o material agora era só pressionar o ponto, o carro para.
Gabriel nunca tivera tanto medo quanto agora sabia que ele iria ser morto a qualquer momento, era só uma questão de tempo. Ele olhará para fora da janela e viu que estava em um matagal, não fazia a menor noção de onde ele estava, o medo tomou conta dele. Ele só precisava pressionar o buraco, mas o medo fazia suas mãos tremerem, os policiais saíram do carro. O aspirante abre a porta onde Gabriel estava, pronto conseguirá abrir as algemas, mas ele continua a fingir que estava desmaiado, então o policial arrasta ele para fora do carro.
- Senhor isso é realmente necessário? – Diz o aspirante
- Ele é só um garoto, por favor, Senhor.
O primeiro – tenente se irrita com as palavras do aspirante.
- Amigo, se ta de sacanagem hoje hein, tirou o dia para encher o meu saco foi? – Responde rispidamente o tenente.
Gabriel esta no chão ajoelhado percebe que o policial esta vindo ao encontro dele.
- Ah, olha só que acordou. – Diz o primeiro – tenente
- Esta pronto para bater as botas? – O policial debocha da cara de Gabriel.
Gabriel sabia que só teria uma chance de fazer o que deveria, esperou o policial chegar mais perto e quando chegou cravou o clipe na coxa do policial, o policial agacha de dor, por sorte o outro policial estava dentro da viatura não queria participar daquilo então resolveu esperar no carro. No mesmo momento que Gabriel atingiu o policial ele largou as algemas e correu em direção ao matagal, estava escura a mata era fechada, mas era sua única saída, não pensou duas vezes.
- Arrrrgh!!! – Berrou o primeiro – tenente de dor.
- Eu vou te pegar moleque você vai ver.
O policial que estava no carro virá que Gabriel fugiu, mas nada o fez, por um lado estava até feliz, não queria compartilhar daquilo, logo olhou seu superior e foi socorrer ele.
A mata era fechada, Gabriel não sabia onde estava, aonde tinha entrado e nem aonde iria chegar, mas mesmo assim ele segue adiante.
Continua… (leia a parte 5 aqui)
Vinicius Mendes de Azevedo”
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